Sempre tive essa impressão da imensa porcaria que é o ser humano. O Zéca vivia cercando as mulheres casadas. Não estava cercado delas. Mas adorava correr um rabo-de-saia. Mas tinha que ser casada. Era uma tara dele. Se não fosse casada, ele dizia que corria o risco da mulher gamar e querer casar com ele. E ele não era homem de uma mulher. Por isso tantava com as casadas. Mulher casada não delata. Não abre o bico. Dia desses bateu lá em casa. Ele só ia lá quando precisava de alguma coisa. Menos mau. Me deixava queito a maioria do tempo. Bateu na porta. Abri:
- Ah?!? É só você.
- Deixa eu usar teu telefone.
- Porra! Pra quê comprou aquele celular?
- Cara, o meu só recebe ligação. E aquela loiraça que te falei pediu pra ligar. É ali no serviço dela. Ligação local.
- Vê se não demora. Tô duro. Daquela outra vez você falou que era rápido e ficou meia hora pendurado aí.
Valia a pena deixar. A loira era bonida, muito gostosa. E era uma cadela. Boa parte do pessoal do bairro já tinha saído com ela. Costuma bater ponto no boteco do mané. Sexta-feira. Sempre na sexta-feira, quando o marido viajava. O pior é que o cara nem suspeitava que era corno. Viajava na sexta de noite, trabalhava até na quarta num posto de gasolina. Na estrada, no meio do nada. E nos outros dias trabalhava no centro, noutro posto do mesmo dono. O dinheiro que entrava ele mandava pra esposinha. E ela torrava tudo em roupa e bijuteria. Nunca sobrava nada. O cara até já me devia uns trocos. Dizia que ía pagar.
- Minha esposa vai economizar.
Eu já tinha dado a grana por perdida. Quem sabe o Zéca faturava a loira. Me agradeceria por toda a vida. Eu até podia perdoar a dívida do corno, só por ser cúmplice.
- Alô! Aqui é o José Carlos, eu queria falar com a Senira.
...
- Não pode atender? Mas achei que era o horário de almoço dela.
...
- Mudou. Tá bom, ligo amanhã.
- Mudou o horário de almoço dela.
- Mudou nada. Quem atendeu?
- Era o chefe dela.
- Ah!
O chefe era amante oficial da loira. E todo mundo sabia da fama do Zéca. Não tinha sucesso com as mulheres. Mas tentava até a mulher chamar a polícia, ou pedir pra'lguém dar uma sova nele. Um pentelho. Se o chefe passasse o telefone, o cara ia ligar todo dia. Agradeci ao chefe da Senira em silêncio. Me livrou do Zéca ir todo dia pedir o telefone emprestado.
- Valeu bicho. Saiu. Foi até o bar, do outro lado da quadra. Tinha marcado um encontro com uma morena. A Vilma. Aquela também não valia nada. E era feia de dar dó. Magrelona, com uns cabelos que pareciam vassoura suja. Devia lavar só uma vez por mês. Quando pegava chuva. Saíram de mãos-dadas. Tinha até um bolão no bar. Fora essa, existe outra mulher casada que queira dar pro Zéca? Era a aposta. Ninguém acreditava. Mas se fosse verdade, quem jogou no sim receberia em torno de vinte pra um. Mas ninguém botava fé no Zéca.
Já iam chegando no final da quadra. Virando e andando uns metros estariam no cafofo que ele tinha alugado pra levar as senhoras. Dizia sempre senhoras, afinal, eram casadas. E mulher casada é coisa séria, de se tratar com respeito. Não tinha onde cair morto. Dois terços do salário gastava naquele cafofo. No aluguel. E morava de favor com o Pinga. Não tinha dinheiro nem pra ajudar a comprar comida.
Atravessei a rua e fui até o bar. Pedi uma cerveja. Tomei um gole. Ouvimos dois tiros. Achamos o Zéca estirado. O Tonho não gostava que caras de camisa amarela saíssem com a mulher dele.
- Ah?!? É só você.
- Deixa eu usar teu telefone.
- Porra! Pra quê comprou aquele celular?
- Cara, o meu só recebe ligação. E aquela loiraça que te falei pediu pra ligar. É ali no serviço dela. Ligação local.
- Vê se não demora. Tô duro. Daquela outra vez você falou que era rápido e ficou meia hora pendurado aí.
Valia a pena deixar. A loira era bonida, muito gostosa. E era uma cadela. Boa parte do pessoal do bairro já tinha saído com ela. Costuma bater ponto no boteco do mané. Sexta-feira. Sempre na sexta-feira, quando o marido viajava. O pior é que o cara nem suspeitava que era corno. Viajava na sexta de noite, trabalhava até na quarta num posto de gasolina. Na estrada, no meio do nada. E nos outros dias trabalhava no centro, noutro posto do mesmo dono. O dinheiro que entrava ele mandava pra esposinha. E ela torrava tudo em roupa e bijuteria. Nunca sobrava nada. O cara até já me devia uns trocos. Dizia que ía pagar.
- Minha esposa vai economizar.
Eu já tinha dado a grana por perdida. Quem sabe o Zéca faturava a loira. Me agradeceria por toda a vida. Eu até podia perdoar a dívida do corno, só por ser cúmplice.
- Alô! Aqui é o José Carlos, eu queria falar com a Senira.
...
- Não pode atender? Mas achei que era o horário de almoço dela.
...
- Mudou. Tá bom, ligo amanhã.
- Mudou o horário de almoço dela.
- Mudou nada. Quem atendeu?
- Era o chefe dela.
- Ah!
O chefe era amante oficial da loira. E todo mundo sabia da fama do Zéca. Não tinha sucesso com as mulheres. Mas tentava até a mulher chamar a polícia, ou pedir pra'lguém dar uma sova nele. Um pentelho. Se o chefe passasse o telefone, o cara ia ligar todo dia. Agradeci ao chefe da Senira em silêncio. Me livrou do Zéca ir todo dia pedir o telefone emprestado.
- Valeu bicho. Saiu. Foi até o bar, do outro lado da quadra. Tinha marcado um encontro com uma morena. A Vilma. Aquela também não valia nada. E era feia de dar dó. Magrelona, com uns cabelos que pareciam vassoura suja. Devia lavar só uma vez por mês. Quando pegava chuva. Saíram de mãos-dadas. Tinha até um bolão no bar. Fora essa, existe outra mulher casada que queira dar pro Zéca? Era a aposta. Ninguém acreditava. Mas se fosse verdade, quem jogou no sim receberia em torno de vinte pra um. Mas ninguém botava fé no Zéca.
Já iam chegando no final da quadra. Virando e andando uns metros estariam no cafofo que ele tinha alugado pra levar as senhoras. Dizia sempre senhoras, afinal, eram casadas. E mulher casada é coisa séria, de se tratar com respeito. Não tinha onde cair morto. Dois terços do salário gastava naquele cafofo. No aluguel. E morava de favor com o Pinga. Não tinha dinheiro nem pra ajudar a comprar comida.
Atravessei a rua e fui até o bar. Pedi uma cerveja. Tomei um gole. Ouvimos dois tiros. Achamos o Zéca estirado. O Tonho não gostava que caras de camisa amarela saíssem com a mulher dele.
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